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Março 2009 - Ano 88 - Nº 829

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Leo Moço, 29 anos, tinha muitas dúvidas sobre seu futuro. Fez duas faculdades: análise de sistemas e nutrição, e foi trabalhar num hotel, na parte de informática. “Mas estava insatisfeito”, conta o rapaz, presente na Fenicafé de Araguari.

“Então resolvi abrir um cybercafé. Ser patrão. E resolvi estudar sobre café. Vi no Jô Soares um quadro sobre um barista, e fiz um curso no Centro de Comércio de Café do Rio de Janeiro (CCCRJ). Aí me apaixonei. Não parei mais de estudar. Larguei o negócio. Passei dois meses numa fazenda de Minas Gerais, em Araponga. A fazenda Braúnas, de João Mattos.”

“Depois fui pra São Paulo. Fiz curso com a Isabela Raposeira. Participei de campeonatos em 2005. Em 2006 e 2007, ganhei o Campeonato Carioca de Baristas. O prêmio desta competição é uma vaga na Copa Barista. Na edição de 2008, que aconteceu em 2009, registrei o meu melhor resultado, ficando em quinto lugar.”

“O segredo? Estudo e dedicação. E amar o café. A cada ano que passa percebo que tenho ainda muito o que aprender. Cada dia você conhece um tipo novo, uma fazenda diferente. O café brasileiro que eu mais gosto? É o Jacu, um café recolhido nas fezes de pássaro. O pássaro ingere o café e o defeca inteiramente, realizando algumas mudanças químicas que transformam o café. Na Indonésia, há o kopi luwak, um café feito pelas fezes do gato. Mas o Jacú é melhor, porque o pássaro é vegetariano e não tem intestino.”

“Não, não aconselho água com gás antes do café, e sim um pouco de água mineral, de preferência o mesmo tipo usado para o café.”

“Na Copa Barista deste ano, o blend que usei para o meu café foi 70% Brasil, 10% Índia, 10% Ruanda, e 10% Guatemala. Acho o café do Brasil o mais complexo, o mais equilibrado, do mundo. Mas é importante agregar temperos. Usei 70% de Brasil para ter uma base boa, equilibrada. Os outros serviram de temperos. O café indiano dá um creme especial e tem um bom corpo. O da Guatemala tem uma acidez de água na boca, dá um toque cítrico, frutal. O de Ruanda tem uma doçura extraordinária. Com esse café, tive a maior nota do campeonato.”

“O pior problema do café consumido no Brasil é a torra. O Brasil precisa estudar melhor o processo e as tecnologias de torração. E as cafeterias e restaurantes devem torrar semanalmente. Depois de torrado, o café tem que descansar alguns dias antes de ser consumido. Para mim, o café está pronto para ser bebido do oitavo ao décimo quinto dia depois de torrado. Depois disso, ele começa a perder características. Isso vale principalmente para o café espresso, porque o café de filtro mantém apenas 20% de suas características, então o consumidor não nota tanto a diferença. O espresso, por outro lado, mantém 70% a 80%. O cafeicultor precisa estudar mais essa parte do consumo. Falta mais investimento nesta parte. Falta uma conscientização. Uma mudança cultural. A cafeicultura brasileira precisa promover mais a cultura do café.”

REVISTA DO CAFÉ - INÍCIO
 
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