Informações
prévias sobre a pesquisa foram apresentadas
em reunião da Câmara Setorial do Café,
em Campinas.
Dois milhões
de sacas de café conilon/robusta. Esse é
o volume necessário, por ano, para atender
à indústria paulista de café
solúvel. E detalhe: São Paulo não
produz esse tipo de café. Para a indústria,
o melhor seria comprar a matéria-prima paulista
e não trazê-la do Espírito Santo,
com elevados custos de transporte. Tradicional produtor
de café arábica, São Paulo tem
no robusta uma opção para o plantio
em regiões de temperaturas elevadas e uma oportunidade
para aproveitar o mercado da indústria de café
solúvel.
O Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, está
desenvolvendo pesquisas para avaliar a viabilidade
do cultivo do conilon/robusta no Estado de São
Paulo e as informações prévias
sobre os estudos foram apresentadas na primeira reunião
de 2009 da Câmara Setorial de Café, realizada
no IAC, com representantes de todos os elos da cadeia
do café. O diretor-geral do IAC, Marco Antônio
Teixeira Zullo, deu as boas-vindas ao grupo e ressaltou
a abertura do IAC ao setor produtivo.
O pesquisador do IAC, Luiz Carlos Fazuoli,
afirmou ter ficado surpreso com a qualidade do café
robusta que o IAC está selecionando. Ele ressaltou
que o Instituto está fazendo experimentação
e campo-piloto, incluindo estudos com condução
da lavoura e custos de produção, mas
não é possível ainda recomendar
o robusta para São Paulo. É necessário
seguir pesquisando. O IAC gerou em 2008 uma coleção
de 300 plantas matrizes, que poderão gerar
cultivares clonais de café robusta. Além
da adaptação de cultivares, o estudo
envolve as áreas de adequado manejo da lavoura,
adubação, espaçamento, poda,
irrigação, colheita e secagem.
De acordo com Fazuoli, o IAC, da Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento, tem vários
experimentos e campos de seleção do
conilon/robusta em Campinas, Mococa, Cássia
dos Coqueiros, Pindorama, Herculândia e Adamantina,
totalizando 15 hectares em estudo. Ele afirma que
recentemente, foi instalado um campo-piloto em Matão,
em uma área de 10 hectares com 18 clones de
conilon do Espírito Santo, e 2 hectares de
ensaios com 45 clones do IAC e 18 clones do Espírito
Santo. Outro campo-piloto está instalado em
Adamantina, com 18 clones do Espírito Santo.
Há também experimentos com 39 clones
do IAC e 18 do Espírito Santo numa área
2 hectares. “O material do IAC tem plantas matrizes,
mas não há quantidade suficiente para
escala comercial”, diz o pesquisador. Já
os materiais do Espírito Santo, disponíveis
em grandes quantidades, ainda não foram experimentados
em São Paulo o suficiente para serem indicados
em escala comercial.
Fazuoli ressalta que em regiões com déficit
hídrico o robusta tem que ser irrigado. A condução
da lavoura é outro aspecto delicado desse café.
Os estudos com os custos de produção
do robusta caminham para a conclusão. Por hora,
sabe-se que o mercado é amplo e tem forte demanda
da indústria, que poderia se beneficiar, inclusive,
com a isenção do ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços),
já que desde 1995 o Governo do Estado isenta
desse tributo das indústrias de café
que compram matéria-prima em São Paulo. |