A
escravidão do homem remonta à antiguidade
egípcia, grega e oriental. Esta chaga da humanidade
também atingiu o Brasil desde a colônia
até o final do império.
Muitos estudiosos têm se esmerado em debruçar-se
sobre o trabalho escravo no Brasil, porém poucos
se interessam em discutir a questão da posse
de escravos por escravos alforriados e ou negros nascidos
livres. Infelizmente, não foram poucos aqueles
que escravizaram seus compatriotas africanos.
E aqui uma página se abre para este fato contando
a história de um ilustre barão, que
além de ser de origem africana, possuiu uma
grande quantidade de escravos em suas fazendas Santa
Fé, em Chiador, Minas Gerais, Três Barras,
em Três Rios e a fazenda Veneza, edificada em
Valença.
O
mais ilustre morador da fazenda Veneza foi o Barão
de Guaraciaba, Francisco Paulo de Almeida. Único
titular do império que tinha sua tez negra,
título agraciado em 16 de setembro de 1887,
poucos meses antes da libertação
dos escravos, foi também um dos mais interessantes
e curiosos homens de nossa história. Homem
de grande cultura, escolheu para casar-se com
uma jovem branca, de família tradicional
valenciana, e se esmerou em dar aos seus onze
filhos uma educação refinada. Sabe-se
ainda que foi grande comerciante. |
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Ali, na fazenda Veneza e em outras fazendas na segunda
metade do século XIX, manteve sua cultura de
café até a morte de sua mulher em 1889.
Sua fortuna chegava a mais de 622 mil contos de réis,
contando todas as suas propriedades. Seus 413.000
pés de café tomavam conta das terras
da Veneza. Depois da morte de sua esposa, Francisco
Paulo, vende a fazenda para transformar o dinheiro
da venda em apólices e legá-las aos
seus filhos.
Sua inteligência o levou a uma escalada de ascensão
social, e tudo fez para ficar mais próximo
da cidade imperial, quando em 1891, adquiriu o palacete
da família Mayrink, localizada em frente ao
palácio imperial de Petrópolis.
Curiosamente, não existe nenhuma documentação
que revele o Barão de Guaraciaba como abolicionista,
ou mesmo que tenha tentado o trabalho livre em suas
fazendas através de emigrantes europeus, como
fizeram outros fazendeiros, até mesmo o maior
dos escravistas, Joaquim José de Souza Breves,
entre outros, experiência esta que levou ao
total fracasso, em todo o vale do Paraíba.
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Assim,
no meio de um vale verdejante, nas terras de
Manuel Gomes de Carvalho, barão do Amparo,
se fez brotar uma das jóias arquitetônicas
da história do ciclo do café no
vale do Paraíba Fluminense. Este casarão
construído em forma de “L”,
assobradado, com as bandeiras de suas janelas
decoradas com vidro colorido, nos remete a um
passado de grande riqueza e a busca do belo.
A grandiosidade da roda d’água
de seu engenho, impressiona pelas suas dimensões
e nos traz o som de seus movimentos incessantes,
e faz com que nossa imaginação
voe no tempo. |
No início do século XX, o imóvel
é adquirido por Gabriel Vilela Sobrinho. Em
1970, o mesmo passa a ser de Horácio Gomes
Leite de Carvalho Jr, que depois passou a pertencer
a Sra. Lili de Carvalho, tendo sido vendido em 2008.
Como a grande maioria das antigas fazendas de café,
esta também tornou-se um grande pasto para
a criação de bovinos.
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