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Março 2009 - Ano 88 - Nº 829

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Chapa de oposição encabeçada por Michael Timm vence eleição para Diretoria Executiva e Conselho Fiscal com o dobro de votos da chapa da situação.

Com a proposta principal de fazer com que os associados voltem a frequentar a ACS, Michael Robert August Timm, diretor-geral da Stockler Comercial e Exportadora e Cônsul Honorário da Alemanha, foi eleito o novo presidente da Associação Comercial de Santos. No pleito, realizado no dia 27 de março, Timm recebeu o dobro de votos de seu oponente (88 a 41), o candidato da situação Virgílio Gonçalves Pina Filho, diretor-presidente da T-Grão Cargo. A plataforma eleitoral do novo presidente, apesar de reconhecer alguns acertos da antiga diretoria, criticava a falta de cumprimento do Estatuto Social e do Regulamento Interno da instituição, atitudes arbitrárias, e a carência de incentivos ao trabalho das Câmaras Setoriais.

Antes da eleição, o clima estava tenso. Todos os envolvidos esperavam uma disputa acirrada e um clima de guerra, e não era para menos. O grupo que apoiou Timm pela chapa 2, de oposição, teve sua candidatura impugnada no dia da eleição do Presidente das Câmaras Setoriais, biênio 2007-2009. A eleição que deveria ter ocorrido no dia 15 de fevereiro só veio a acontecer no dia 4 de março, depois de uma disputa judicial sobre legalidade da lista apresentada. Na ocasião, Eduardo Carvalhaes Jr., do Escritório Carvalhaes Corretora de Café Ltda, e ligado à Chapa 2, foi eleito para o cargo com grande maioria.

Outro agravante foi que, durante a semana da eleição para a Diretoria e o Conselho, foi divulgada relação com as 200 empresas, do total de 263 associadas, que estariam aptas a votar, devido a problemas de documentação. Para alguns membros da oposição era uma tentativa de tomar votos que iriam para a Chapa 2.

“O importante é que não vire uma guerra de liminares, de processos, que acabe prejudicando a Associação Comercial”, afirmou momentos antes da eleição Eduardo Carvalhaes Jr., que tomou posse naquele mesmo dia como Presidente das Câmaras Setoriais. Ele disse ainda que sua principal preocupação era que tudo ocorresse com tranquilidade, que o novo presidente tivesse legitimidade, e que quando acabasse a eleição, a Associação pudesse trabalhar como sempre trabalhou: pelos associados, pela cidade e pela região.

“A credibilidade da ACS foi construída em 138 anos por diversas gerações, por diversos presidentes que vieram trabalhando e a gente não pode, com uma disputa eleitoral, acabar com isso”, resumiu. Logo, o que se esperava no dia da eleição da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal era uma guerra de liminares, impugnações e confusões de parte a parte, mas não foi isso que se viu. O clima respeitoso foi a tônica entre os integrantes das duas chapas.

Expectativa

Um fator importante desse pleito era a obrigação da renovação. Devido a uma mudança no Estatuto, que agora permite apenas uma reeleição, o então presidente José Moreira da Silva, depois de 16 anos no poder, não pôde disputar novamente o principal cargo da ACS. Ele então se candidatou ao cargo de Titular do Conselho Fiscal, pela Chapa 1, da situação. “A casa foi oxigenada de tal maneira que ela hoje faz parte do governo da cidade, do governo do Estado e sem dúvida da União”, comentou o ex-presidente sobre sua gestão.

Com discurso semelhante, o candidato da situação, Virgilio Gonçalves Pina Filho, tinha como principal bandeira a continuidade. “Nós vamos continuar fazendo esse brilhante trabalho que a Associação Comercial vem realizando nos últimos anos. Nós conhecemos muito bem nossos associados, as suas necessidades, os seus anseios”, afirmou.

A eleição

Dos 200 associados aptos a votar, 156 compareceram à Associação Comercial de Santos no começo da noite do dia 27 de março. No saguão sobrou a imprensa, pois nenhum não-associado pôde entrar na sala da Assembléia. Alguns correligionários das duas chapas, além de cinco associados, não puderam acompanhar a sessão por problemas de desatualização de dados cadastrais que não puderam ser solucionados, uma vez que nas últimas semanas a Diretoria se recusou a promover a regularização. Isso causou certo tumulto no saguão, com acusações e discussões entre a advogada da ACS e os barrados, entre os quais João Antônio Lian, presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé e diretor presidente da Sumatra, empresa que há 26 anos é associada da ACS. Mas a confusão foi se dissipando com as notícias que vinham pelos celulares dos correligionários da Chapa 2, que confirmavam a ampla preferência dos associados à Chapa 2.

No decorrer da Assembléia deferiu-se a impugnação de 16 sócios que representavam empresas que estariam relacionadas no quadro da ACS há menos de um ano, abaixo do período mínimo obrigatório estabelecido no Estatuto como uma condição para a participação na eleição, como desejava a Chapa 1. Esse resultado, de respeito às regras estatutárias da entidade, deixou claro que a grande maioria dos associados iria sufragar a Chapa 2. No curso da votação, a confirmação que a Chapa 2 detinha a preferência majoritária e, portanto, seria a ganhadora, fez com que parte dos associados ligados à Chapa 1 deixassem a Assembléia, permanecendo 129 associados dos 156 que entraram no prédio.

Conhecido o resultado da eleição, a nova Diretoria foi imediatamente empossada. Em seu discurso, já como presidente, Michael Timm propôs criar uma comissão para realizar mudanças no Estatuto que melhorem os procedimentos para a realização das próximas eleições para que fiquem mais tranqüilas e organizadas, do mesmo modo, excluindo as medidas de natureza arbitrária. Sua primeira medida, no entanto, será convocar os associados para ajustar o desempenho da ACS às efetivas demandas dos sócios.

“Vamos fazer uma pesquisa com os associados para saber o que eles querem da casa”, revelou o presidente. “O próximo passo é trabalhar. Continuar com as coisas boas que a casa tem feito e dar nossa contribuição”, concluiu. No final, Michael Timm agradeceu aos associados que vieram de outros estados, como Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, especialmente para votarem nessa eleição.

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