(continuação)
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Pessoas e idéias
Foi dentro desse cenário
que surgiu, em 19 de dezembro de 1901, o Centro do
Comércio de Café do Rio de Janeiro,
congregando produtores, exportadores, corretores,
intermediários, armazenadores, transportadores
e torrefadores de café. Sem saber, antecipava-se
naquele momento o que, quase nove décadas depois,
se transformaria no moderno conceito de agronegócio,
no qual todos os elos da cadeia produtiva trabalham
dentro de um esforço comum visando, na melhor
participação de cada segmento, o aumento
do negócio como um todo.
O grande líder e mentor da
nova entidade de classe foi o português Antônio
Gomes de Avellar, o Conde de Avellar. Apesar de reconhecer
a importância e a força política
que se conquistava com a união de todos que,
direta ou indiretamente, trabalhavam com café,
o Conde pleiteava, na verdade, mais que uma tribuna.
Ele e seus companheiros queriam um local que reunisse,
fisicamente, todas essas pessoas, de forma a melhor
administrar e agilizar (como se diz nos dias de hoje)
os próprios negócios.
Até então, o comércio
de café na província do Rio de Janeiro
acontecia, por assim dizer, nas esquinas das estreitas
ruas Beneditinos e Municipal, bem próximo ao
porto, local onde os homens reuniam-se e mantinham
longas conversas sobre as oscilações
de mercado e potenciais de negócios.
Era
um comércio ao mesmo tempo informal, pela forma
como se desenrolava, e formal, pelos grandes volumes
negociados. Ou, como descreveu o próprio Conde
de Avellar: "Os ensacadores, sem ponto de abrigo,
tinham que aguardar, na rua, os pedidos de negócios
por parte dos exportadores, em ponto indicado pela
maior presteza e concorrência. Era melhor que
todos ficassem juntos em um só local, onde
se concentrassem as transações sobre
o produto e se apurassem as informações
dos diferentes mercados".
Eleito
primeiro presidente da entidade, o Conde de Avellar
tinha como companheiros Gustavo Araújo Maia,
no posto de secretário, e Antônio da
Silva, como tesoureiro. Oficialmente instituída
(os estatutos da entidade foram elaborados por Amaro
Cavalcanti), a nova diretoria viu seu pleito concretizado
ao inaugurar, dois anos depois, em 3 de setembro de
1903, a primeira sede da entidade, na Rua da Quitanda
151/155, em cerimônia que contou com a presença
do próprio presidente da República,
Rodrigues Alves. O prédio, arrendado por 135
contos de réis do Mosteiro de São Bento,
passou então a reunir os comerciantes de café
que, diariamente, exibiam amostras do produto, trocavam
suas ofertas, compravam, vendiam.
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