O Rio de Janeiro foi fundado a partir
de seu porto natural, que atraiu corsários
franceses, piratas e que mais tarde foi o grande escoadouro
das exportações do País. As tranqüilas
águas da Baía da Guanabara chamaram
a atenção dos corsários franceses
e de piratas nos primeiros séculos da colonização.
E fizeram com que os portugueses se dispusessem a
empreender a povoação e a defesa da
cidade como forma de impedir que o natural ancoradouro,
formado naquele local, se tornasse porta de entrada
para invasores.
Na verdade, o Rio de Janeiro e seu
porto têm suas histórias entrelaçadas.
Tanto que já no século XVIII "o
movimento de passageiros e mercadorias mais nobres
estava concentrado nos atracadouros entre o Castelo
e São Bento, mas a Prainha e a Saúde
especializavam-se nas cargas oriundas do recôncavo
(alimentos, animais, madeiras) e no desembarque de
escravos", como contam os pesquisadores Paulo
Bastos Cezar e Ana Rosa Viveiros de Castro no livro
"A Praça Mauá na Memória
do Rio de Janeiro".
A importância do porto, no entanto,
segundo eles, só cresce em meados do século
XIX com a "rápida expansão do comércio
do café, oriundo das alturas do maciço
da Tijuca ou dos portos do recôncavo".
O porto do Rio de Janeiro, na então chamada
Prainha, portanto, foi durante décadas o principal
porto de escoamento da produção brasileira
de café, que cresceu vertiginosamente, "até
que os cafezais paulistas viessem conceder a primazia
a Santos".
Segundo os pesquisadores, "o
café fluminense descia as serras em lombo de
burro desde o Vale do Paraíba até os
pequenos portos do recôncavo da Guanabara, como
Inhomirim, Estrela, Pilar, Iguaçu e Magé,
para ser embarcado em faluas até a Prainha,
onde aguardava a comercialização nos
armazéns das proximidades".
Em
1858, quando a primeira estrada de ferro foi construída,
ligando a serra até a estação
de Campo de Santana, já havia um intenso movimento
portuário na Prainha. "O ambiente do local
era dominado pelos negros que carregavam nos ombros
a sacaria, descarregando as carretas da Companhia
Locomotora organizada por Assis Silveira para fazer
a comunicação entre os trens e o porto.
Mais tarde, os trilhos da ferrovia chegaram à
beira dos trapiches da Saúde, através
de um túnel cavado sob o Morro do Pinto".
Foi um pouco antes disso, também, em 1830,
que o poder público começou a ordenar
a movimentação portuária, regulamentando
a delimitação das áreas onde
os navios deviam ancorar, cabendo ao ancoradouro localizado
entre o Trapiche do Sal e o Valongo as chamadas 'embarcações
de carga".
Em torno do porto ocorreu toda uma
movimentação de novos negócios,
com a abertura das primeiras fábricas brasileiras,
como fundições, serralherias, moinhos
de trigo e também o mercado de escravos, além
do intenso movimento das carroças de carga
e, naturalmente, casas comerciais de café e
outros produtos. O atual centro do Rio de Janeiro
se expandiu e, a partir de 1850, a infra-estrutura
urbana começou a dar mostras do poder do café
como propulsor da economia. Foram criados serviços
de esgotos, gás, a cidade começou a
tomar forma e a atrair investidores. Tudo a partir
do café e do porto do Rio de Janeiro.
Em
1918 o porto contava 18 armazéns internos,
98 armazéns externos e 90 guindastes e, embora
nesta época já não fosse mais
o maior porto de exportações do café,
tendo perdido sua posição de liderança
para Santos, "era sem dúvida o maior porto
importador e distribuidor, e sem dúvida também
o mais moderno do País".
A inauguração oficial do Porto do Rio
de Janeiro, no entanto, só ocorreu em julho
de 1910, "passando a ser administrado por Demart
& Cia. (1910), Compagnie du Port do Rio de Janeiro
(1911 a 1922) e Companhia Brasileira de Exploração
de Portos (1923 a 1933). Pela Lei nº 190, de
16/01/1936, foi constituída a autarquia federal
Administração do Porto do Rio de Janeiro,
que recebeu as instalações portuárias
em transferência do Departamento Nacional de
Portos e Navegação, do Ministério
da Viação e Obras Públicas",
de acordo com informações da Companhia
Docas do Rio de Janeiro. Mais tarde, o Decreto nº
72.439, de 09/07/73, aprovou a criação
da Companhia Docas da Guanabara, atualmente Companhia
Docas do Rio de Janeiro ou Docas do Rio Autoridade
Portuária.
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