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ATA DE LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL DA NOVA SEDE DO CENTRO DO COMÉRCIO DE CAFÉ

Aos dezenove dias do mês de dezembro de mil novecentos e cinquenta e três, às dez e meia horas, na Cidade do Rio de Janeiro, à Rua da Quitanda, número cento e noventa e um, no mesmo local do prédio antigo, construído em mil novecentos e três e demolido no ano que agora finda, é lançada a pedra fundamental do novo edifício do Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro. E a diretoria desta associação, composta dos Senhores Marcelino Martins dos Santos Filho - presidente, Silvio de Magalhães Figueira - secretário, Azarias Martins Villela - tesoureiro e assistida pelo seu consultor jurídico Doutor Cid Braune, bem como as firmas de comércio, corretores e intermediários de negócios de café, abaixo assinado, na presença de testemunha amigas, aproveitam a solenidade para depositar nesta urna - de par com lembranças do dia de hoje, cartões, moedas e jornais - guardando-a para a História, a seguinte declaração:

Ao lançarmos esta pedra fundamental , voltamos, comovidos, o nosso pensamento para os homens que, no começo do século, fundaram este Centro e se traçaram como programa dar um teto aos comerciantes de café. Daquela plêiade de beneméritos, destacamos, como pioneiros da idéia, os Senhores Conde de Avellar, o Conselheiro Antonio da Silva Maia e Gustavo de Araujo Maia. Nenhum deles está vivo. Recordamos-lhes por isso mesmo os nomes com reconhecimento porque foi sob a sua inspiração que nos movemos à construção deste novo edifício.
Os propugnadores do primeiro prédio do Centro não pensaram talvez na sobrevivência os próprios nomes. Maior razão para que manifestemos o nosso reconhecimento aos que se foram, pela obra que engrandecida , vai servir de abrigo aos que virão.

O tempo cedo apagará da memória dos homens os nomes dos que aqui hoje comparecem. E é a bem dizer certo que nenhum deles estará vivo, quando, daqui a dezenas ou mesmo centenas de anos, se abrir este cofre. Esperam eles, porém, que, qualquer que seja o regime em que venham a viver os que o abrirem, tenham a mesma confiança que nos anima no princípio da cooperação e da boa vontade entre os homens, que é o elo que os mantém unidos e que assegura, ao mesmo tempo, a continuidade do trabalho e da cultura, através das gerações.
A cooperação é, em si mesma, uma renúncia, um desprendimento da pessoa em benefício dos seus semelhantes. E foi esta a idéia que iluminou o caminho dos que traçaram o programa generoso da construção de uma casa para o comércio de café, em mil novecentos e um, quando se fundou o Centro. Graças aos seu sacrifícios, as paredes se levantaram e o teto se distendeu, abrigando, durante cinquenta anos, os homens do café. E a casa simbolizou a classe e tornou-se uma tradição. Ao abrigo do tempo e das intempéries, o comércio de café se consolidou como classe, fiel aos sãos princípios da honestidade e da moralidade, para o maior engrandecimento da Pátria.

Desejamos que a nova casa que vai nascer desta pedra, seja a continuação ininterrupta de tão enobrecedora tradição.

Quando o novo edifício se elevar aos céus, enriquecendo o conjunto urbano da nossa bela cidade, ninguém avaliará sequer o seu custo, não em dinheiro , que este constará dos arquivos, mas em anseios, angústias e trabalhos realizados, altruísticamente, por uns poucos, em benefício da coletividade. E, verdade seja escrita, a obra só está sendo realizada porque os lidadores tiveram uma vontade de ferro. São esses beneméritos Senhores Marcelino Martins dos Santos Filho, atual presidente da Casa, Júlio de Souza Avelar, antigo presidente, e Abrahão Jabour, antigo membro do Conselho, todos chefes de grandes firmas exportadoras, capitães de comércio, possuídos de admirável dinamismo, que aceitaram duro encargo de constituir a Comissão de Construção, responsável pela realização da ora. É graça a eles que a idéia está passando do estágio do sonho para o da realidade.

É de justiça que fique também assinalado nesta ata o nome do Sr. Rui Gomes de Almeida, que foi presidente do Centro do Comércio de Café, nos anos em que a idéia da construção da nova sede amadureceu, e da qual ele se transformara em força propulsora. A diretoria por ele presidida, da qual eram membros os consórcios Antonio Esteves Marques e Azarias Martins Villela, teve o privilégio de dar os passos decisivos que asseguraram o financiamento da obra projetada e que está sendo executada pela firma Graça Couto & Cia. Ltda., sob a fiscalização do engenheiro Dr. João Szilard.

Esperamos que a casa cuja construção agora se inicia, tenha vida longa. E que séculos decorram antes que a ação do tempo ou as transformações da cidade levem gerações futuras a demolir o que hoje estamos construindo com tanto carinho.

No dia em que isso acontecer, que os inventores deste cofre, em qualquer época em que for aberto, meditem no exemplo de energia, altruísmo e espírito associativo que, no quadro de uma civilização justamente orgulhosa do seu individualismo e de sua livre-empresa, congregou, neste ano da graça de mil novecentos e cinquenta e três, homens de boa-vontade, É que nós, os trabalhadores do café do começo da Segunda metade do século XX, da Cidade do Rio de Janeiro, divisamos na cooperação que harmoniza os interesses, o evangelho dos que, dentro da mesma profissão, ganham o pão com o suor do seu rosto.

Oxalá tenham os inventores deste cofre, no dia em que for aberto, igual consolação para as lides da vida !




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